quarta-feira, 24 de abril de 2013

Memórias sobre Leitura







Das minhas memórias sobre leitura e escrita, lembro-me na 5ª série buscando os livros na biblioteca da escola, antes disso apenas os livros que tinha em casa (possuía uma pequena coleção de contos de fadas que ganhei de minha mãe, hoje estes livros já estão com meus sobrinhos). Não consigo me recordar se um professor lia para nós, acho que não, pois teria algo marcado na memória.

A partir desse momento comecei a devorar livros e diários (sinto saudades). Costumava deitar em uma rede embaixo de uma enorme árvore — um pé de manga... na cama escrevia pequenas memórias no diário...

E sabem de uma coisa! Eu me apaixonei por literatura infantil, não na infância e sim já na universidade quando tive o prazer de ter verdadeiros Mestres de Literatura. A paixão por Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Lygia Bojunga Nunes e outros surgiram depois, quando pude reencontrá-los e deleitar com a leitura.

Ao longo desses anos procurei ler um pouco de tudo, livros que me indicavam, livros do momento, clássicos da literatura universal, nacional e infantil e até os não muito consagrados. Como afirma Ana Maria Machado, é preciso ter uma dieta de leituras, até para conversar com nossos alunos é preciso ter contato com vários tipos de leituras e textos. Procurar conhecer sobre as experiências de nossos alunos-leitores, as suas vivências é muito importante.

Nesse contexto, como afirma Paulo Freire (1986, p. 11), “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, ou seja, mesmo antes de lermos as palavras e de conhecermos os códigos da escrita já realizamos a leitura — a leitura do mundo que nos cerca, pois somos capazes de atribuir sentido (leitura) pela maneira que o ‘eu’ interage no mundo.

De acordo com Eliana Yunes (1995, p. 185-186), o ato de ler implica em sensibilidade e prazer — “Ler significa descortinar, mudar de horizontes, interagir com o real, interpretá-lo, compreendê-lo e decidir sobre ele”. A leitura precisa ser cultivada e trabalhada, assim como o prazer pelo ato de ler. Crianças, jovens e adultos precisam descobrir e redescobrir o sentido de ler — ler para ter conhecimento e para a vida. O ato de ler leva o leitor a buscar novos horizontes, a conhecer o mundo dos outros, a questionar, a rever conceitos e, num processo de amadurecimento, a transformação interna do próprio ser — ler significa buscar o significado das coisas e da vida e refletir sobre elas. O tema da leitura tem sido objeto de numerosas investigações e abordado sob variados enfoques. Diante do contexto, a figura do leitor alcançou relevância no ato da leitura e tornou-se parte integrante e “elemento ativo no processo de comunicação literária” (AGUIAR, 1996, p. 23).

Uma outra experiência maravilhosa pela qual tive o privilégio de poder compartilhar foi quando realizei minha pesquisa de Mestrado. Trabalhei com crianças surdas em uma Escola especializada para surdos em Maringá/PR (ANPACIN). Questões ligadas à leitura, à formação de leitores, os mediadores, a importância da família no aprendizado da criança surda e o contato da literatura, fizeram parte da dissertação. As crianças da Educação Infantil eram alfabetizadas em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para depois aprenderem a Língua Portuguesa (como segunda língua). Os professores liam por meio da LIBRAS e contavam histórias, era muito interessante. Existia um Projeto de Contar Histórias, pelo qual os alunos do Ensino Médio iam até as salas das crianças do Ensino Infantil (uma vez na semana) e realizavam rodas de leitura, uma sensação incrível vê-los contando histórias e em LIBRAS. Realmente foi uma experiência que vou levar para o resto da vida.


2 comentários:

  1. Deve ter ido muito enriquecedora essa experiência, Andréia. Fiquei com vontade de ler sua dissertação!

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    1. Oi! O título é "O QUÊ OS SURDOS E A LITERATURA TÊM A DIZER? — Uma Reflexão sobre o Ensino na Escola ANPACIN do Município de Maringá-PR."

      Abraços,

      Andréia

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