Das minhas memórias
sobre leitura e escrita, lembro-me na 5ª série buscando os livros na biblioteca
da escola, antes disso apenas os livros que tinha em casa (possuía uma pequena
coleção de contos de fadas que ganhei de minha mãe, hoje estes livros já estão
com meus sobrinhos). Não consigo me recordar se um professor lia para nós, acho
que não, pois teria algo marcado na memória.
A partir desse
momento comecei a devorar livros e diários (sinto saudades). Costumava deitar
em uma rede embaixo de uma enorme árvore — um pé de manga... na cama escrevia
pequenas memórias no diário...
E sabem de uma coisa!
Eu me apaixonei por literatura infantil, não na infância e sim já na
universidade quando tive o prazer de ter verdadeiros Mestres de Literatura. A
paixão por Monteiro Lobato, Ana Maria Machado, Lygia Bojunga Nunes e outros
surgiram depois, quando pude reencontrá-los e deleitar com a leitura.
Ao longo desses anos
procurei ler um pouco de tudo, livros que me indicavam, livros do momento, clássicos
da literatura universal, nacional e infantil e até os não muito consagrados.
Como afirma Ana Maria Machado, é preciso ter uma dieta de leituras, até para
conversar com nossos alunos é preciso ter contato com vários tipos de
leituras e textos. Procurar conhecer sobre as experiências de nossos
alunos-leitores, as suas vivências é muito importante.
Nesse contexto, como
afirma Paulo Freire (1986, p. 11), “a leitura do mundo precede a leitura da
palavra”, ou seja, mesmo antes de lermos as palavras e de conhecermos os
códigos da escrita já realizamos a leitura — a leitura do mundo que nos cerca,
pois somos capazes de atribuir sentido (leitura) pela maneira que o ‘eu’
interage no mundo.
De acordo com Eliana
Yunes (1995, p. 185-186), o ato de ler implica em sensibilidade e prazer — “Ler
significa descortinar, mudar de horizontes, interagir com o real,
interpretá-lo, compreendê-lo e decidir sobre ele”. A leitura precisa ser
cultivada e trabalhada, assim como o prazer pelo ato de ler. Crianças, jovens e
adultos precisam descobrir e redescobrir o sentido de ler — ler para ter
conhecimento e para a vida. O ato de ler leva o leitor a buscar novos
horizontes, a conhecer o mundo dos outros, a questionar, a rever conceitos e,
num processo de amadurecimento, a transformação interna do próprio ser — ler
significa buscar o significado das coisas e da vida e refletir sobre elas. O
tema da leitura tem sido objeto de numerosas investigações e abordado sob
variados enfoques. Diante do contexto, a figura do leitor alcançou relevância no
ato da leitura e tornou-se parte integrante e “elemento ativo no processo de
comunicação literária” (AGUIAR, 1996, p. 23).
Uma outra experiência
maravilhosa pela qual tive o privilégio de poder compartilhar foi quando
realizei minha pesquisa de Mestrado. Trabalhei com crianças surdas em uma
Escola especializada para surdos em Maringá/PR (ANPACIN). Questões ligadas à
leitura, à formação de leitores, os mediadores, a importância da família no
aprendizado da criança surda e o contato da literatura, fizeram parte da
dissertação. As crianças da Educação Infantil eram alfabetizadas em LIBRAS
(Língua Brasileira de Sinais) para depois aprenderem a Língua Portuguesa (como
segunda língua). Os professores liam por meio da LIBRAS e contavam histórias,
era muito interessante. Existia um Projeto de Contar Histórias, pelo qual os
alunos do Ensino Médio iam até as salas das crianças do Ensino Infantil (uma
vez na semana) e realizavam rodas de leitura, uma sensação incrível vê-los
contando histórias e em LIBRAS. Realmente foi uma experiência que vou levar
para o resto da vida.
Deve ter ido muito enriquecedora essa experiência, Andréia. Fiquei com vontade de ler sua dissertação!
ResponderExcluirOi! O título é "O QUÊ OS SURDOS E A LITERATURA TÊM A DIZER? — Uma Reflexão sobre o Ensino na Escola ANPACIN do Município de Maringá-PR."
ExcluirAbraços,
Andréia